A dor no ombro é uma das queixas mais comuns e incapacitantes que atinge a população em geral. É um dos principais motivos – entre 15% e 25% dos pacientes – de procura por clínicas ortopédicas e de fisioterapia. É um mal que pode acometer indivíduos em qualquer faixa etária sendo potencializada com o envelhecimento e a ocupação laborativa ou recreativa/esportiva.
A Síndrome do Ombro Doloroso (SOD) é caracterizada por dor e limitação funcional decorrente do acometimento de estruturas estáticas e dinâmicas do ombro, como ligamentos, cápsula e músculos. É bastante comum entre os idosos chegando a atingir 67% dessa faixa etária com histórico de esforço repetitivo ou rotina mais intensa para a idade, como acontece com a Sra. Camila – nossa paciente citada no post. Seus afazeres domésticos, cozinhar e cuidar dos netos causaram um esforço extra nas suas articulações, já desgastadas naturalmente com o avanço da idade.
Durante a consulta é importante avaliar o nível de dor do paciente além de suas funções cotidianas. A rotina, prática de esportes, hábitos e comportamentos errôneos em casa e no trabalho são as principais causas das lesões nos músculos e tendões. Muitos dos movimentos que realizamos automaticamente são feitos de forma incorreta e forçam os movimentos provocando os problemas na musculatura. Atividades como passar o aspirador com as costas dobradas, ou ficar com uma criança no colo enquanto realiza outras tarefas, constantemente carregar diversas pastas e papéis da sua sala para uma reunião ou não ter ergonomia na mesa do seu computador são as mais corriqueiras e as que menos percebemos os danos causados.
O ombro é uma articulação complexa que conecta a escápula ao membro superior e é composta por diversos tendões, ligamentos e músculos possibilitando o movimento do braço. Ao redor da cabeça do úmero existe uma convergência de tendões chamada de manguito rotador. Existe também a bursa, que é uma bolsa com óleo, um lubrificante dentro dela, que fica localizada entre as articulações do ombro. Age como um travesseiro diminuindo o atrito e impacto entre os ossos, músculos e tendões enquanto se movem. E os tendões do manguito rotador (supraespinhal, infraespinhal, subescapular, redondo menor e tendão da cabeça longa do bíceps).
Forçar os braços com pesos excessivos por exemplo, ou como mencionamos, atividades comuns em qualquer idade ou quando se tem mais avançada, o desgaste é ainda maior. Pode-se ocasionar algumas lesões específicas como:
Nem todas as lesões precisam de cirurgia, a escolha do tipo de tratamento é orientada de acordo com a gravidade da lesão, na atividade e idade biológica do paciente e na intensidade da dor e perda de função. O tratamento conservador é feito com a prescrição de anti-inflamatórios e sessões de fisioterapia para fortalecimento dos estabilizadores e rotadores do ombro e correção postural. Já o tratamento cirúrgico é indicado aos pacientes com ruptura do manguito rotador e costuma ser realizado por meio da técnica de artroscopia. O pós-operatório costuma ser tranquilo e a dor é controlada por meio de analgésicos até que ocorra a cicatrização do tendão evitando esforço por pelo menos 3 meses.
Mantenha atividades físicas regulares, hábitos alimentares saudáveis, alongue-se e check-up regular para evitar problemas de saúde que possam agravar ou causar quadros de dor e desconforto.